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ÁFRICA

O continente onde se concentra o maior número de pessoas que falam francêse a projeção para 2050 é bastante otimista.

Keywords: francofonia – francófonos – língua em transformação – mercado em expansão


LÍNGUA FRANCESA OU LÍNGUAS FRANCESAS?

Mapa da África Francófona
220 milhões de pessoas falam francês atualmente no mundo. Mais da metade delas vive na África. Estima-se que até 2050 o centro do francês se deslocará para a África onde viverão 500.000.000 de francófonos numa população mundial de 700.000.000 de pessoas que falarão o francês. Os africanos francófonos já formam, hoje, a parte mais importante da Francofonia.


O idioma francês, portanto, continua em expansão. No entanto, observa-se um fenômeno muito interessante.

Escola no Burkina-Faso onde o francês é a língua de ensino
O futuro do francês na África, guardadas as devidas proporções, assemelha-se, depois de dois milênios, ao que aconteceu com a língua latina. Na fase áurea do Império Romano, o latim expandiu-se em torno da bacia mediterrânea. Com a queda do império, deu origem a diversos ramos dos quais saíram as línguas justamente chamadas “românicas” que são fruto dos diferentes tipos de latim falados em cada região anteriormente dominada por Roma. O latim clássico tornou-se uma língua erudita, falada nas Igrejas, ou empregada na diplomacia, mas cada vez menos falada. Esse foi um processo que durou séculos.

Painel publicitário em francês em Dakkar, Senegal
Não se pode omitir que o francês chegou na África com a colonização francesa e belga. Mas o francês “clássico” talvez venha a ter um futuro comparável ao do latim, ou seja, tornar-se uma língua clássica, de cultura, uma norma de regulação indispensável à criação linguística. Ao mesmo tempo, dele surgirão inúmeras outras manifestações originadas da mútua influência entre a língua e a cultura francesas e as línguas e culturas locais.

Esse fenômeno já pode ser constatado atualmente. É nas zonas francófonas da África que a língua francesa evolui. Talvez fosse melhor dizer “as línguas francesas”. Alguns africanos permanecem fiéis a um estilo empolado e a um vocabulário ultrapassado. Outros misturam os idiomas até aclimatá-los em uma gíria como o “nouchi” (ler “nuchi”) da Costa do Marfim.

“Nou” (“nu”), na língua local, significa “nariz” e “chi” significa “pelo”. Ou seja, “pelo de nariz” ou “bigode”, indicando um personagem meio bandido, temido por todos. Inicialmente falado entre os jovens marginalizados, acabou por ganhar expressão através de conjuntos musicais como o Magic System.1 
PAÍSES AFRICANOS ONDE SE FALA FRANCÊS
Gabão, Congo-Brazzaville, Tunísia, Djibouti, Argélia, Marrocos, África Central,                                            
Senegal, Guiné Equatorial, Guiné, Burkina Faso, São Tomé e Príncipe, Mali,                                                     
Guiné-Bissau, Tchad, Mauritânia, Niger, Cabo Verde, Burundi, Ruanda, Egito, Gana.                          
                                                       
Observação: em alguns países o francês é a primeira língua, em outros é a segunda. Em alguns países como Ruanda inglês e francês são línguas oficiais.

ÁFRICA: INGLÊS OU FRANCÊS?
O continente africano é marcado por uma grande complexidade e uma extrema diversidade. É nesse contexto que se deve examinar a influência exercida por países como Inglaterra, França e Bélgica nos tempos da colonização e suas consequências que se estendem até hoje.

Farmácia em Port-Bouët, Abidjan
Há uma clara diferenciação entre a cultura empreendedora e pragmática inglesa e a cultura mais teórica e, nesse caso, mais tímida da França. Países como Nigéria, Gana e Serra Leoa, do lado anglo-saxão, são beneficiados com imensas riquezas naturais, o que eleva seus PIB’s e favorece suas populações; sendo o inglês o idioma que domina o mundo, os países africanos anglófonos estão em melhores condições para a globalização; estes países estavam, igualmente, melhor preparados para tomar seu impulso no momento da independência. Do lado francófono, não há tantas riquezas naturais; seus índices de pobreza ainda são muito elevados; a maioria dos países desse bloco formou mais funcionários públicos do que empresários e, além disso, ainda vivem muito dependentes da França.

No entanto, o inglês não é um critério obrigatório para ingressar nas empresas anglófonas. Além disso, os executivos africanos da África Anglófona não falam o francês enquanto que seus pares da África Francófona dominam o inglês, o que abre um leque muito interessante de possibilidades de intercâmbio – oferecer para o outro lado o que deu certo no seu.

PERSPECTIVAS
Com o processo de globalização acentuando-se, essas diferenças tendem a tornarem-se mais agudas. No entanto, o mercado aposta na crescente integração entre os países desses dois grandes blocos, cada lado contribuindo com suas especificidades para que as gritantes disparidades da população africana possam diminuir, beneficiando milhares de pessoas, atraindo investidores e colocando todo o continente africano numa via efetiva de crescimento e desenvolvimento.


Nesse quadro, o papel da diáspora será crucial: os africanos do exterior não investem mais apenas em seu país de origem. Tornam-se mais flexíveis e enxergam a África em seu todo.

Fontes:

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