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O ENVELHECIMENTO NO SÉCULO XXI:

O QUE PAÍSES COMO CANADÁ, FRANÇA E BÉLGICA TÊM A DIZER?

Parte I

Profissional da área da saúde!

Se você se interessa pelo impacto da vida moderna no aumento da longevidade e pelas questões que o envelhecimento levanta hoje, veja o que países francófonos como Canadá, França e Bélgica desenvolvem nessa área. São estudos e pesquisas de envergadura que, certamente, irão despertar seu interesse por intercâmbios científicos e culturais com seus pares que ali estão atuando.

Esse artigo é para você!


Sim, no Brasil já se faz muita coisa para acompanhar as mudanças comportamentais e culturais em relação ao envelhecimento!

É verdade. Parto do pressuposto que profissionais das mais diversas áreas envolvidas tais como médicos, psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, enfermeiros, entre outros, já estão acompanhando, na teoria e na prática, os efeitos do aumento da longevidade. Até os políticos!!!

As fontes desse artigo, com seus respectivos links, trazem uma quantidade muito maior de informação e dados estatísticos, mas meu objetivo aqui é apresentar uma amostragem de reflexões e experiências sobre o envelhecimento nesses países da Francofonia.

A que se deve esse fenômeno?

Já em 1993, em um livro que reunia vários artigos, intitulado “Psycologie du Vieillissement” (Psicologia do Envelhecimento), publicado pela Université Toulouse Le Mirail, na França, a professora doutora Marie-Claire Viader-Mate, assinava o artigo “Quelle Psychologie du Vieillissement aujourd’hui?” (Qual Psicologia do Envelhecimento hoje?”)1, no qual ela afirmava que, até 1950, a preocupação maior era em diminuir a mortalidade natal e pré-natal. As conquistas obtidas nessa esfera, os progressos da medicina e a ênfase na prevenção proporcionaram um prolongamento da vida, no final do século XX.

Acrescenta-se a esse quadro a queda na taxa de natalidade e, dessa forma, assiste-se, em escala mundial, ao envelhecimento da própria população.

Paralelamente, os avanços tecnológicos que também ocorreram, e continuam ocorrendo, em áreas como a Internet, permitem o acesso à informação de um número cada vez mais expressivo de pessoas, entre as quais estão os mais idosos, que se mantém antenados e conectados.

Viver mais e viver bem

O século XXI vai conhecer, portanto, uma realidade totalmente nova para a qual, nem todos estavam preparados – as discussões, aqui no Brasil, sobre a Previdência, mostram isso. Que parâmetros existem para lidar com uma parcela da população que cresce cada vez mais? Como garantir que esses anos vividos a mais sejam “bem vividos”?

A imagem do “vovozinho” de bengala ou da “vovozinha” sentadinha fazendo tricô, ou ainda, velhinhos e velhinhas doentes apenas falando de suas mazelas não mais corresponde ao que se vê cada vez mais hoje em dia – homens e mulheres que chegam aos 70/80 anos com muita lucidez e praticamente sem problemas de saúde.

Nem tudo são flores, claro! Para dar conta dessas transformações, muitas pesquisas e muitos estudos passaram a ser feitos para que políticas públicas fossem implementadas, para que mentalidades fossem transformadas.

Em 2013, o Canada Québec lançou o mais importante estudo longitudinal da história do Canada sobre o envelhecimento, que permitiria, a partir daquele momento, acompanhar cerca de 50.000 canadenses com idade entre 45 e 85 anos, durante um período de pelo menos 20 anos.

Ao longo desse estudo nacional, serão recolhidas informações sobre as mudanças biológicas, médicas, psicológicas, sociais e econômicas que se produzem nas pessoas. A instituição chave para essa pesquisa de grandes dimensões é o Centre de Recherche sur le Vieillissement, situado no Hôpital et Centre d’Hébergement de Youville na região de Sherbrooke. (Centro de Pesquisa sobre o Envelhecimento, situado no Hospital e Casa de Repouso de Youville, Sherbrooke, Québec, Canada).2

Professora Hélène Payette
A professora Hélène Payette, pesquisadora e responsável pela coleta de dados em Sherbrooke, afirma que “os dados reunidos ao longo desses 20 anos nos ajudarão a saber mais sobre as causas das doenças e das incapacidades; eles poderão contribuir para compreender porque certas pessoas envelhecem saudáveis enquanto outras desenvolvem doenças”. Esse estudo é apoiado pelo governo do Canada e, entre as entidades parceiras comprometidas com sua implementação, está o Réseau Québécois de Recherche sur le Vieillissement (Rede Quebequense de Pesquisa sobre o Envelhecimento).
Esta Rede dedica-se também à formação de profissionais capazes de atuar com as novas realidades e, para isso, possui um Centro de Estudantes que promove seminários e uma premiação para as melhores pesquisas.3 

Premiadas de 2017
Do outro lado do oceano: ganhamos anos com boa saúde sem incapacidade, ou convivemos mais tempo com as incapacidades?
Na França, o organismo correspondente ao INSS brasileiro é a CNAV – Caisse Nationale d’Assurance Vieillesse – que se ocupa tanto de aposentadorias quanto de ações sociais, as quais se estendem a pesquisas e a publicações de caráter científico, contando para isso com órgãos governamentais complementares. Um desses órgãos é o GDR – Groupement de Recherche (Grupo de Pesquisa).
É exatamente numa publicação do GDR que vamos encontrar a dra. Emmanuelle Cambois, em um artigo sobre a expectativa de vida sem incapacidades no âmbito europeu.4
Segundo a dra. Cambois, a pergunta que está no subtítulo acima é feita há mais de 30 anos por pesquisadores e agentes de saúde no âmbito da União Europeia, em consequência da extensão da longevidade. Passou-se a mensurar a Expectativa de Vida sem Incapacidades, ampliando a Expectativa de Vida simplesmente, implementando, assim, uma dimensão qualitativa e funcional a uma dimensão simplesmente quantitativa.
O artigo relata que os estudos feitos mostram diferenças e semelhanças entre os países membros da União Européia, mas a Expectativa de Vida sem Incapacidades tornou-se um dado-chave em saúde pública em vários desses países.


1 - Trechos do livro podem ser encontrados aqui:

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